Parece que teu corpo quer te passar a perna quando você está estressada e tem insônia. O safado reconhece os sintomas do estresse: tua cabeça gira a mil por hora, você mata todas as tarefas que estavam empilhadas há meses, você responde aos e-mails atrasados (de 2015), tudo isso no mesmo dia. Como a adrenalina ainda não abaixou você decide que precisa limpar o teto do banheiro, às 21h00 horas… Mas o que faz teu corpo quando te acorda no dia seguinte às 5h00 da madrugada ao invés de te deixar dormir? Ele quer o teu couro, só pode ser.
Enfim, acordei. E estava claro! Uma das maluquices do Japão é que amanhece muito cedo. Até no inverno. Quando morava na Suíça e que era difícil sair da cama às 7h00, era porque estava escuro. Aqui, saí de casa uma vez às 4h30 da madrugada para pegar um avião e… não somente estava amanhecendo mas já tinha gente na rua. Gente normal, fazendo caminhada, levando o cachorro (ou o coelho) para passear. Gente normal digo, não como eu que ainda tinha ramela nos olhos e cabelo de quem acabou de sair da cama. Isso me leva à maluquice número dois: coelho pet. E à maluquice número 3: o Japonês é hiperativo. Me leva também à contar aqui a primeira decisão salvadora de vidas que tomei no Japão: cortina black out e máscara preta para dormir.
Quando falo de maluquice é que, como eu sou o oposto disso, é maluquice para mim. Madrugar e sair arrumada (ou pelo menos sem ramela) é uma tortura. Ir ao parque de manhãzinha desenhar/tirar fotos/fazer exercícios/sei lá: até seria legal em uma outra vida. Gente, quando eu vejo um coelho a primeira palavra que vem na minha cabeça é ensopado!
Sobre a hiperatividade
Sempre hesito muito em falar sobre o Japão aqui pois receio veicular estereótipos. Eu não quero ser aquela pessoa que se diz dona da verdade (embora muitas vezes pareça ser) ou que critica o outro simplesmente por ele ser diferente. Digamos que quando digo que os Japoneses são hiperativos, não é um pressuposto a mais. É que sou “hipo” ativa. É inveja mesmo.
O que mais me surpreendeu quando cheguei aqui é que, onde quer que você vá na cidade, tem gente, e tem gente fazendo coisas. No parque por exemplo, tem gente pintando, desenhando, tirando fotos, dando comida para os pássaros, correndo, se exercitando, jogando xadrez, comendo, tomando café, conversando com os amigos, escrevendo em um caderninho, contando o número de formigas…
Essas atividades extras são super importantes na vida cotidiana dos japoneses. Inclusive, é umas das primeiras perguntas que te fazem quando te conhecem: 1. Qual é o teu nome? 2. De onde você vem? 3. Onde você trabalha? 4. Qual é o teu hobby?
Talvez seja por isso que a sociedade japonesa parece ser uma das mais saudáveis que conheci. Você não tem muito tempo para ficar em casa pensando nos problemas e deprimindo…
Para ilustrar a vida no parque:
Por que só tem pessoas de idade nas fotos? Ora, se eu fosse ao parque às 6h00 veria provavelmente um monte de adultos fazendo exercício antes de ir trabalhar. O fato é que eu vou às 10h00 junto com as pessoas que têm tempo, e que podem acordar mais tarde – ou que detestam acordar cedo – como eu…