Daqui a pouco vou me preparar para o happy hour.
– Já?
Até queria te responder:
– Pois é, já.
Mas vou te responder:
– hihi.
Ou
– uauauauauauauauauaua.
Moro no Japão e aqui o happy hour da sexta chega antes. A segunda-feira também. Por isso decidi que segunda é dia de ficar de pijama o dia inteiro pois no Brasil ainda é domingo. Mais ou menos. Bem, ainda não deu tempo (hum hum) de completar a página Quem desse blog, você aí que não me conhece, já descobriu a primeira coisa sobre mim: tenho pensamentos preguiçosos.
Voltando ao happy hour:
Não sei vocês, mas na sexta à partir das 14:00 minha cabeça começa a desconectar. Ela fica de boa. Eu me transformo numa pessoa legal. Na sexta, eu gosto de mim.
Os pensamentos começam a ficar mais livres. Aquele “tenho que fazer isso” vira, “ahhh, faço isso na segunda, ups, na terça pois segunda é domingo no Brasil”.
Daí aparecem os pensamentos legais, sem conexão uns com os outros, mas que me deixam num estado eufórico. Os chamo de pensamentos de bar.
Sabe quando você está sentado no balcão olhando para a tua cervejinha e te vem aquela idéia gostosa, que talvez você leve para a frente, talvez não? Pois é: pensamento de bar.
Lá vão os de hoje:
Primeiro
Estou tentando ver filmes em japonês sem legenda, para ver se entendo algo… Aqui deveria falar que não entendo patavina e terminar num tom negativo ou com um belo palavrão. Mas hoje é sexta, estou positiva, xô negatividade.
Enfim, estou vendo The X from outer space. Escolhi esse filme pois amei o poster. Só por isso.
Desde quando os japoneses curtem esses monstros? Esse filme data de 1967, Godzilla foi lançado em 1956… Tem histórias sobre monstros antes disso? Será que na mitologia japonesa ou nos contos infantis existem monstros parecidos com o Gojira (com sotaque japonês viu)? Qual é o significado oculto de tudo isso?
Vou buscar e depois conto para vocês. Mas não prometo pois é um pensamento de bar. As vezes vai pra frente, às vezes não…
Segundo
Seria legal escrever um pouco sobre as mulheres japonesas aqui no blog. Em geral, a imagem que o Japão passa é de ser um país machista. E isso é real. Mas, conheci algumas japonesas que são super feministas e que parecem estar mudando as coisas. Ou pelo menos tentando. Deveria conversar com elas e pesquisar um pouco sobre isso.
Terceiro
Todo professor deveria periodicamente aprender uma língua nova, ou algo novo. Voltar para os bancos da escola faz bem.
Em primeiro lugar você volta a se sentir estúpido. Hoje, na minha aula de japonês, falei umas 5 vez para mim mesma: derrrrrr, é óbvio, idiota (aqui, se minha amiga Ellen ler, ela vai rir). Perceber que aprender é difícil, te faz repensar um pouco tua maneira de tratar os alunos. Aquele, “já expliquei três vezes e você não entende” acaba sendo banido para sempre.
Você também percebe que infantilizar um aluno adulto é muito delicado. E todo professor já fez isso uma vez na vida. Né?
Aprender uma língua quando adulto é voltar para a infância (voltar a aprender a falar, a contar, aprender novos sons/sílabas), e o japonês não foge à regra. Não somente você tem que aprender novos alfabetos (três no total) como quando você tinha 6 anos, mas quando você aprende os dois primeiros e começa a aprender o terceiro (meu caso), você só pode ler livros para crianças de 7 anos. Intelectualmente hoje, tenho 7 anos. Se eu quiser escrever aqui no blog sobre livros que estou lendo, terei que falar desse fucking little bear que não consegue aprender os dias da semana!
Esse não é bem um pensamento de bar mas um desabafo de bar. Depois desse, o negócio é beber para esquecer…