Que nome lindo esse. Dá vontade de buscar mais informações e fazer pesquisa sobre a origem do forte da Ilha do Mel (e de seu nome). Mas não farei isso hoje. Hoje, gostaria de papear sobre…
Abrindo parênteses.
Não aguentei, tive que ir buscar. Mas antes me perdi nas redes sociais, esqueci o que estava buscando, fiz um chá, conversei com uns amigos no zapzap, voltei aqui, lembrei, rebusquei e lá vai:
Nossa Senhora dos Prazeres leva esse título para lembrar suas sete alegrias. Cute, isn’t it? Segundo os católicos ela apareceu no século XVI ao lado de uma fonte e abençoou àquela água para curar os doentes. Perguntas que passam pela minha cabeça: tem uma fonte no Forte da Ilha do Mel? Tenho uma vaga lembrança de uma bica… Qual a origem da Fortaleza?
Piscadela para meus conhecidos que pesquisam lá…
Fechando parênteses.
… papear portanto sobre a relação que o Meirelles mantinha com a Fortaleza. A conexão entre o ser e as pedras é tão grande que ainda sinto a presença dele quando visito o lugar. Não, o Meirelles não é o Padre sem cabeça! Mas espero ter criado um novo fantasma no imaginário dos leitores meleiros…
Conexão 1
Quando criança frequentava a casa de família que se encontrava no Forte. Essa aqui:
Podemos ver a porta, um pedaço da sacada e uma micro parcela do telhado. Mas todo mundo olhou para a tia Terezinha tomando sol nos anos 1950, né? Linda. A tia Terezinha. E a casa também.
Graças ao querido primo Marcinho eis uma foto da primeira casa, antes que o mar comeu. Sim, você leu direito, antes que o mar comeu. Todos os meleiros já disseram essa frase ao menos uma vez na vida.
Essa, é a segunda casa. Logicamente, depois que o mar comeu:
Se você passear por lá hoje, a casa está um pouco diferente. Nas minhas lembranças vejo uma pintura do Farol na parede da sacada e uma janela no telhado, com vista para a Fortaleza. Circulus in probando.
Conexão 2
Antes de ir para a Segunda Guerra Mundial, o Meirelles serviu em Paranaguá. Aqui tenho que ser um pouco misteriosa pois é a história principal do meu livro. Livro que não existe ainda, claro, mas que está tomando forma na minha cuca enquanto papeio com vocês.
Durante o serviço militar foi preso algumas vezes na … Fortaleza Nossa Senhora dos Prazeres. Circulus vitiosus.
Não vou contar – ainda – a razão dos enclausuramentos. Mistério. Lembram? O que posso adiantar é que essas prisões marcaram muito suas vias respiratórias superiores pois as celas eram extremamente úmidas o que o deixou com um escorrimento nasal crônico.
Conexão 3
Já casado e com suas filhas crescidas, Meirelles construiu seu casebre no melhor lugar da Ilha do Mel, denominado atualmente passa-passa, com vista para os dois mares. Com vista também para o Farol e para a Fortaleza. Óbvio.
A tia Yara me contou que ele ia todos os dias para o Forte, sentava na areia com as costas coladas nas pedras da Fortaleza e lia um romance policial.
— Como eu (gritinho histérico meu)!
— Você não vai para o Forte todos os dia, eu vou.
— Mas eu leio romance policial tá?
— Hum.
Sei. Aqui você está pensando que o cara era um super homem: saía de casa cedo, varria o boteco do seu Diamantino, ia ler romance policial (iiiiii) no Forte, assava churrasco, ia pescar, levava as crianças do Forte até as Encantadas. Peraí, ainda não contei isso.
Conexão 4
Primo Marcinho soltou a língua enquanto me mandava as fotos.
— Lembro que foi ele que me levou para as Encantadas pela primeira vez.
— Vou ter que escrever um artigo sobre as Encantadas.
— Hein?
— Nada. Esquece.
— Fomos em uma expedição, várias crianças da Fortaleza.
— Antes ou depois de varrer o boteco do seu Diamantino e de ler um romance policial?
— O quê?
— Esquece. Conta.
— Ele foi pegar a gente de manhã bem cedinho.
— Então não tinha lido nem varrido.
— Hein?
— Conta.
— Passamos na casa dele, aquela na beira da praia. Ele entrou bem quieto para não acordar a tia Emília. Mas acabou derrubando um balde zinco dentro da casa.
— Pára de rir.
— Nós esperávamos do lado de fora e escutamos aquele estrondo. Começou a sair água por baixo da porta. Fez um barulhão! A tia deve ter acordado super assustada. Rolamos de rir.
— Quem?
— O Marcus, o Rodrigo e eu. Mais outras crianças de famílias do Forte. Uns 5 ou 6.
— Daí?
— A tia Emília deu uma bronca nele.
— Então?
— Ele saiu correndo e riu também…
…
Editei um vídeo que provavelmente foi filmado pelo Meirelles, em Super 8, entre 1976-1980. É um vídeo caseiro viu, desculpas adiantadas. Da Fortaleza Nossa Senhora dos Prazeres. Iterum.
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